O Amor é Contagioso e O Perigo da História Única

Focado na Gestão de Pessoas, na qualidade de vida no trabalho e no desenvolvimento de Pessoas.

No filme de Patch Adams, podemos ver o quanto é importante o desejo mútuo de se espalhar conceitos que nos remetem a relacionamentos calorosos, de bom astral e humor, contidos em atitudes benevolentes.
O brilhantismo de “O amor é contagioso” nos cria um movimento inevitável de mudança, algo que sentimos de fora para dentro, que causa uma sensação de solidariedade com o próximo, baseada na humildade e respeito.
Diferente de Bertolt Brecht, escritor alemão de grandes peças teatrais, o distanciamento causado por Patch Adams se deve a imaginação, bem fora da realidade que podemos ver por aí. Ele consegue, de uma forma convincente, levar alegria para os pacientes, causando-lhes esperanças, sem perder seu foco de responsabilidade acadêmica.
Muitas das vezes ficamos focados no cumprimento de deveres, no meio de uma sociedade capitalista, onde se perdem valores, onde nada se conquista além de “patentes”.
No longa, Patch percebe que o distanciamento dos doutores no tratamento de seus pacientes pode estar provocando repercussões não percebidas a "olho nu" que revertem negativamente na recuperação dos doentes. Podemos fazer uma analogia dentro das empresas, onde seus gestores muitas das vezes não acompanham o andamento de seus colaboradores, no que diz respeito à qualidade no trabalho, seu desenvolvimento, e até mesmo os fatores externos que influenciam em seu dia-a-dia no serviço.
Os anticorpos de uma empresa começam na gestão de pessoas. Patch nos afirma que a melhoria se concentra na ausência da prepotência. É preciso entender que você pode sonhar, projetar, criar e construir o lugar mais maravilhoso do mundo, mas é preciso pessoas para tornar o sonho realidade. Quanto mais satisfeitos os colaboradores estiverem dentro do seu ambiente de trabalho, mais rápido, ágil e preciso a instituição terá lucrado no que diz respeito ao seu contexto empresarial.




A essência do filme é essa, e as perguntas em nossas cabeças surgem. O filme nos provoca e estimula no sentido de fazer com que nos mobilizemos em favor de uma atitude mais respeitosa em relação aos outros, desperta a solidariedade numa época em que se fala tanto em ajudar as pessoas que precisam, incentiva a partir de um exemplo vitorioso e real. Nos mostra que precisamos dos outros, que não podemos nos isolar, que devemos estender a mão na direção dos demais seres humanos, pois também contamos com seu auxílio.
Será que nós não cometemos os mesmo pecados percebidos nos filmes em nosso ambiente de trabalho? Como por exemplo: a ideia de superioridade que nos afasta?
Há muito do que absorver do filme de Patch Adams, além da visível ideia de que o amor é contagioso, podemos tomar emprestado os estímulos que certamente funcionam no ambiente de trabalho, muitas das vezes não só salarial.


Partindo para o segundo vídeo, onde a escritora Chimamanda Adiche, em uma palestra dada pela TED “Ideas Worth Spreading”, fala sobre o perigo da história única e de como um único olhar sobre uma pessoa, um povo ou uma cultura é limitador e gera estereótipos difíceis de serem superados, pude perceber como alguns hábitos podem ser cruciais para nos tornarmos cruéis.
Para este caso, minha reflexão baseia-se em um ato verídico, no qual condiz exatamente com o vídeo mostrado em sala de aula.


A mais ou menos, três semanas, uma menina entrou para o quadro de funcionários da empresa onde trabalho. Acontece que ela já trabalhava há quase dois anos como menor aprendiz, em outro setor, programa que faz parte do projeto social, onde visa enquadrar jovens de famílias carentes que precisam do primeiro emprego.
Pra tentar encurtar a história, existia um pré-conceito estabelecido entre minhas colegas de trabalho, pelo simples fato de terem ouvido coisas nada boas sobre a nova menina. Seu contato inicial não foi o dos melhores, assim como ainda permanece, no princípio houve uma rejeição porta parte dos antigos colaboradores, pelas histórias antipáticas e julgadoras que culminaram na não aceitação da nova colega de trabalho.
Taxada como falsa, antipática e outras qualidades nada amigáveis, sua reclusão derivada de sua personalidade acabou deixando-lhe os rótulos. Isso só fez pioras as coisas chegando aos ouvidos do nosso gestor.
A proporção era tamanha, que o mesmo teve que tomar algumas atitudes severas, dentro da visão gerencial de uma empresa tentou contornar a situação causada, informando aos antigos colegas que a visão predefinida de uma pessoa, muitas das vezes não é a fonte correta para a verdade absoluta, e outros sermões que não nos cabe a reunião.
Pois este é o fato da história única. Ou pelo menos a minha reflexão sobre o que compreendi ser. Se pararmos para pensar, talvez ela realmente pudesse ser tudo isso o que disseram, mas é preciso enxergar com os próprios olhos, pelas suas próprias conclusões. E eu nem cheguei a mencionar que a menina posta na berlinda era uma negra de cabelos encaracolados. Não considerei necessário, porque aqui não vem ao caso, apenas descarto a possibilidade de ela ser vista com maus olhos por ser a única negra do setor.
Não. Isso neste país de mestiços não existe… ou existe?
Desculpe o sarcasmo, mas é assim que me espelho, nas palavras sarcásticas da escritora nigeriana Chimamanda Adiche, quando disse que de onde vinha não existia neve, comia-se manga e nunca se falava sobre o tempo, comentário surgido após dizer sobre os personagens que lia quando criança, onde todos brincavam na neve, comiam maças e falavam muito sobre o tempo, em como era maravilhoso o sol ter aparecido.
Somos vulneráveis e impressionáveis. Para todos não importa o que você é, o que importa é como o mundo lê você. É necessário comentar quando se trata da natureza humana. Os fios que tecem a doutrina, a verdadeira história por detrás de tantas outras. A verdade inundada pela mentira. Foi assim com nossa nova colega, exposta a uma sentença, correta ou não, mas precipitada.
Tanto Patch quanto Adiche, nos demonstram o outro lado da moeda, a nova percepção, a quebra das barreiras, excelentes matérias que, se adotadas por gestores, incluiriam certamente novas experiências nas quais seriam significativas às ações humanas.

Um Abraço de Urso.

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